O relógio despertara às seis horas da manhã, mas a chuva forte insistia que eu permanecesse em seus braços, como se houvesse uma relação de harmonia entre os pingos d’água sobre o telhado e as batidas do seu coração. Eu sentia sua pele, seu cheiro, seu abraço, com as mãos deslizando entre meus cabelos. Um segundo despertar e a chuva continua. Já conseguia sentir nossos corpos se confundindo e minha respiração penetrar por entre seus seios até alcançar sua alma. Já não haveria mais como acordar e tudo se transformara em sonho de inverno amazônico.
Só meu respirar e os movimentos de amor do seu coração. Do seu espírito sentia o abraço, o cheiro bom do seu corpo.
Sua respiração mudara e pedia que eu ficasse para fazer do sonho um amor por todo seu corpo. Sob a chuva forte e com sua boca a procurar meus lábios, cada pingo era um tilintar de desejo a despertar minha paixão. Nos confundimos no mais profundo tesão e as horas não importavam mais. Tínhamos feito daquela manhã um momento de eternidade do nosso amor.
Lúcio Carril
Sociólogo