Tenho refletido, com a ajuda de alguns autores, sobre a ação humana na construção da vida e da sua própria felicidade. Não considero um fracasso, mas beira a isso. Felizmente, ainda temos exemplos de sociedades antigas e modernas que nos proporcionam alguma esperança.
Naquilo que se refere ao respeito às crianças e adolescentes, os sentidos humanos na vida social são angustiantes. Em sociedades como a nossa há um profundo desprezo pela vida em desenvolvimento, sempre vista com um olhar instrumentalizador, que vai do trabalho forçado à exploração sexual. Nisto há uma total derrota de sentimentos humanos.
Há quem fale em modernidade e domínio da razão nas sociedades capitalistas desenvolvidas, mas o discurso não se mantém por um segundo quando nos deparamos com o abandono de crianças. Abandono não somente no sentido literal, mas nas provas mais elementares de civilidade. Nossas crianças ainda são tratadas como objeto.
Vi hoje que de janeiro a abril deste ano Manaus registrou 462 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes e o abandono de incapaz cresceu 23% ano passado.
São números estarrecedores. Mas não se trata de uma realidade recente. O que tem aumentado são as denúncias. Esses abusos ocorrem há séculos e somente há pouco mais de 30 anos que temos uma legislação de proteção à criança e ao adolescente, que estabelece punição aos agressores. Foi a partir do ECA que também se criou uma rede de apoio infanto-juvenil.
Ainda temos muito a caminhar para alcançar um status de sociedade civilizada e reconhecer nossas obrigações com as crianças, que devem ser edificadas no respeito, no amor e na proteção.
Lúcio Carril
Sociólogo