Por quinze dias os ipês florescem e nos quintais a rede é atada e o cheiro de churrasco e peixe assado toma conta da rua.
O guarda-chuva dá lugar à sombrinha, menor e colorida, que protege do sol de 40 graus. Mesmo assim o corpo sua e o rosto brilhoso fica parecendo um pão-doce.
Sem pandemia, é tempo de fazer shows ao ar livre, praças e largos. Basta um tablado para as bandas.
Os sítios ficam cheios de amigos, que se refestelam nos igarapés e piscinas naturais, saboreando no almoço uma galinha caipira criada só no milho e no farelo de trigo. Vez ou outra pinta uma caça.
É tempo de quentura. O calor vem de baixo e de cima, como numa completa excitação.
As caboclas aproveitam para usar trajes mínimos, mostrando toda sua exuberância.
Os rios secam e furos aparecem, possibilitando a viagem mais curta. É meio perigoso viajar de voadeira nos tempos de seca, pois bancos de areia se formam no meio do rio; ou seria o dorso da cobra grande?
As várzeas se desnudam. É hora de plantar e aproveitar o cio da terra.
Verão amazônico, uma interação da natureza com a cultura.
Lúcio Carril
Sociólogo