Mais uma guerra? Claro que não. Segundo a ONU, o mundo tem hoje cerca de 30 conflitos armados. Alguns deles, no continente europeu. O povo basco que o diga. A península balcânica também padece com inúmeros conflitos.
Mas não é de hoje que essa parte do planeta vive em guerra e da guerra.
A Europa faz a guerra orquestrada desde a antiguidade, mas foi no medievo que empreendeu a pilhagem de forma sistêmica, para salvar seus reinados ou para acumular capital e empoderar a nova classe emergente.
Nessa cruzada de roubos, a Europa dizimou povos inteiros nas Américas e no continente africano. Deixou um rastro de sangue, saques e escravidão.
Na África, fez a divisão da pilhagem territorial entre seus países sem considerar o espaço de vida de cada povo, dando início a conflitos étnicos que antes não existiam e que hoje são responsáveis pela desagregação social e política do continente.
A Europa não é berço só da civilização ocidental. É berço, também, das guerras de pilhagem. Foi aí que o capital teve origem na sua forma sórdida de acumulação.
Faço esse destaque ao poder político e econômico europeu para contestar sua falsa bondade de continente civilizado, assim como refuto seus acólitos acobertados pelo discurso pacifista. Não existe paz quando se encampa a ideologia do colonizador.
O mundo moderno se ergueu nos escombros da guerra e da destruição física e cultural de muitos povos oprimidos. Está cheio de sangue de gente morta e seus espíritos ainda vagueiam por mares, oceanos, rios e florestas.
Mas não há um só senhor da guerra no nosso planeta. O capital ganhou o mundo e se tornou armas e conhecimento aplicado. Esse senhor supremo da guerra não tem limite e a pilhagem continua. Para roubar petróleo, invade países e mata seus povos. Para extrair minerais da tecnologia de ponta, dá golpe de Estado e põe seus fantoches no governo. Tem um braço armado para bombardear países que não se curvam. Foi assim os 78 dias de bombardeios na Iuguslávia, em 1999.
As guerras não vão parar enquanto o capital for o senhor soberano do mundo. É da sua natureza o roubo, a exploração, a opressão e a morte.
Qual a saída?
Resistir às guerras através da consolidação de modelos de democracia participativa em todo planeta, rechaçando por definitivo governos autoritários e autocráticos, responsáveis pela empreitada de ganância do capital.
As democracias representativas estão superadas há décadas e propiciam aventuras golpistas patrocinadas pelos senhores da guerra, que estão sempre de prontidão para servir ao seu senhor supremo, o capital e sua busca tresloucada pelo lucro.
É na participação social e na hegemonização da sociedade civil que o mundo poderá respirar a paz e avançar num projeto de justiça social.
Lúcio Carril
Sociólogo