MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – Marina Silva (Rede) voltará a ser ministra do Meio Ambiente, e de novo num governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quase 15 anos depois de uma conturbada saída do cargo e de um profundo desgaste com líderes do PT, partido que está na origem de sua militância política.
Como futura titular do Ministério do Meio Ambiente, Marina retomará o cargo que exerceu entre 2003 e 2008, durante todo o primeiro mandato e parte do segundo governo de Lula.
O cenário que ela vai encontrar, porém, é totalmente distinto, depois do desmonte da política ambiental promovido pelo governo Jair Bolsonaro (PL).
Nascida num seringal no Acre, ex-empregada doméstica e historiadora, Marina tem 64 anos e ocupa cargos públicos há mais de 35 anos. Atuou com o líder seringueiro Chico Mendes e ajudou a fundar a CUT (Central Única dos Trabalhadores) no Acre.
Já foi vereadora, deputada estadual e senadora. Agora, volta a ser ministra do Meio Ambiente para tentar fazer reexistir uma política ambiental no país.
O enfraquecimento da fiscalização nos últimos anos gerou um empoderamento do crime na Amazônia, com organizações criminosas articuladas e atuantes na exploração de ouro em terras indígenas, grilagem de terras e esquemas de madeira ilegal.
A mudança entre os dois períodos –o de 15 ou 20 anos atrás e o de agora- fica evidente quando se analisam os embates que a então ministra travava lá atrás e o que a espera a partir de 1º de janeiro de 2023.
Em 2008, quando se demitiu do ministério, Marina dizia sentir não ter mais respaldo de Lula e seu governo para a política ambiental empreendida. O estopim foi a decisão do presidente de escanteá-la na gestão do PAS (Plano Amazônia Sustentável).
A então ministra enxergou no gesto a confirmação de que Lula já não apoiava a contento as medidas de combate ao desmatamento na Amazônia. Marina foi quem articulou a criação de um plano de prevenção e controle do desmatamento, com efeitos concretos na queda dos índices de devastação.
A demissão foi ruidosa, com irritação do presidente e mágoa da ministra. No governo, os embates principais de Marina eram com Dilma Rousseff (PT), que foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil antes de ser eleita presidente em 2010.