O aviso no muro de uma residência no bairro da União, zona Centro-Sul de Manaus, revela uma realidade obscura vivida pela maioria da população no Brasil: a existência de um ‘estado’ paralelo governado por ‘líderes’ de facções criminosas.
O mais sinistro nisso tudo é a inércia do governo federal e de alguns estados, diante da audácia e crescimento dos tentáculos criminosos das facções, sem uma resposta ou solução sobre a expansão territorial observados nos últimos dez anos em todo o país desse ‘poder’.
O ‘recado’ em tom de ordem, diz o seguinte: “é proibido roubar neste local. Assina CV”. A sigla significa (Comando Vermelho), uma das inúmeras facções criminosas que se espalharam pelo Brasil, através de São Paulo e Rio de Janeiro.
Manaus, Pará, Maranhão, Roraima, Acre, Rondônia e Tocantins, são estados da região Norte do Brasil que até meados do ano de 2000 não conviviam com tamanha violência, onde integrantes de facções rivais, matam, esquartejam e anunciam ‘guerra’ pelas redes sociais.
ORGANIZAÇÕES
Quando se fala em organizações criminosas, as autoridades policiais não estão inventando ou criando as famosas ‘fake News’. Na realidade, as facções estão cada vez mais organizadas com planejamentos e execuções de crimes igual ou próximo das ações e operações policiais, onde os envolvidos tomam decisões e agem depois de exaustivo planejamento.
As facções chegaram a Manaus via PCC, facção criminosa criada em São Paulo e o CV, no Rio de Janeiro. O principal objetivo de ambas era comandar o narcotráfico nessa região remota do Brasil.
Hoje, as facções que se ramificaram por todos os estados da região Norte, atuam em várias frentes e, assim como as ‘milícias’, comandam bairros inteiros e ditam as próprias ‘leis’ ou regras onde o cidadão é o principal alvo. No Amazonas, a facção FDN (Família do Norte), também atua no mesmo molde operandi das demais facções.
CONTROLANDO ÁREAS
Em Manaus e na maioria dos municípios do Amazonas, por exemplo, já há relatos de interferência de líderes e integrantes de facções no controle de entrada e saída de moradores em algumas comunidades. Nesses bairros, geralmente na periferia, as facções chegam a cobrar taxas em condomínios residenciais populares, de pessoas carentes, como os do projeto Minha Casa, Minha Vida, no Viver Melhor, zona Norte da capital Amazonense e pedágio em locais de difícil acesso, como rip-raps, becos e vielas.
FLÁVIO DINO NA FAVELA
Um exemplo de que o Estado Paralelo de fato existe, foi a recente ‘visita’ do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, na Favela da Maré, no Rio de Janeiro, comandada pelo Comando Vermelho.
Dino chegou à favela no último dia 13 de março, e a visita chamou a atenção de opositores do governo Lula, ao ponto da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara ter convocado o ministro para prestar esclarecimentos.
O Brasil tem em torno de 11 mil favelas com milhares de cidadãos onde a maioria vive sob o domínio de facções ou milícias.
A favela da Maré, composta por cerca de 15 complexos coligadas, é uma das mais perigosas do país e é comandada por lideranças ligadas ao narcotráfico.
Dino chegou ao local sem qualquer escolta, quando a entrada na favela só é permitida com a autorização das lideranças criminosas. A polícia, por exemplo, não entram sem trocar tiros com as facções em operações que envolvem centenas de agentes públicos.
Eliana Sousa, presidente da ONG Redes da Maré, disse em uma entrevista à Folha, de São Paulo, em março desse ano, que a polêmica se deve a ‘naturalização’ do Estado nas Favelas. Uma espécie de discriminação.
A verdade é que a realidade é bem clara, quando se fala no acesso a algumas comunidades controladas pelas facções e narcotráfico no Rio de Janeiro e em São Paulo.
CARROS COM VIDROS BAIXADOS
Em alguns bairros de Manaus, também pode ser constatado a existência e força do ‘estado paralelo’, quando motoristas de aplicativos e donos de veículos que moram nesses lugares, são obrigados e rodar com os vidros baixados ou com uma espécie de ‘identificação’ na antena dos veículos, geralmente uma lata de determinada cerveja ou energético nas ruas do bairro.
Vídeos de integrantes de determinadas facções fortemente armados são comuns em grupos de whatsApp nas redes sociais.
DOMÍNIO NOS PRESÍDIOS
O ‘estado paralelo’ também é visível nos presídios em todo o Brasil e no Amazonas não seria diferente. Ex-detentos ouvidos pela reportagem, confirmam que as facções interferem na administração dentro dos presídios, de forma sutil, mas com rigor.
Muitos são obrigados e pagar taxas para os lideres ou são ameaçados de morte e todo tipo de violência.
“Nossas famílias são obrigadas a repassar dinheiro ou bens para lideres fora do presídio, em troca de segurança ou caso contrário, recebemos castigos severos”, revela a fonte.
GUERRA E VIOLÊNCIA
As duas maiores facções existentes no Brasil atuam em todo o território nacional. Duas delas disputam o poder em 11 estados, entre eles o Amazonas e no Distrito Federal.
O PCC atua sem a presença do CV, em outros 13, inclusive no Amazonas, mas rivaliza com grupos criminosos locais.
O CV está em dois estados sem a presença do PCC: Mato Grosso e Rio de Janeiro.
O PCC está sozinho em 3 estados: Mato Grosso do Sul, Piauí e São Paulo
A guerra entre essas facções no Amazonas, incluindo a FDN, hoje dividida após racha entre lideranças, já causou a morte de centenas de adolescentes, homens e mulheres na capital e no interior do estado nos últimos dez anos.
Os crimes envolvendo integrantes dessas facções são considerados cruéis pelas autoridades e maioria da sociedade. São torturas, esquartejamentos e execuções sumárias, muitas delas, mostradas em vídeos pelas redes sociais. São os chamados ‘tribunais do crime’.
Fontes:
Fonte: Redação e Veja mais em https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2023/03/17/qual-a-faccao-mais-dominante-no-brasil.htm?cmpid=copiaecola
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/03/por-que-a-visita-de-um-ministro-a-favela-incomoda-questiona-presidente-de-ong-da-mare.shtml