Em 1987, quando conheci a mãe da minha filha Amanda, percebi uma certa tristeza nela quando começava a chover.
Nessa época, a Rosalva Teixeira militava no Movimento Meninos e Meninas de Rua e trabalhava com os pequenos canoeiros da orla do Mercado Adolfo Lisboa. Ela me explicou que a tristeza era porque quando chovia os garotos não ganhavam nada, pois não aparecia passageiro.
Estamos iniciando o período chuvoso, o inverno amazônico.
Adoro a chuva, mas não deixo de lado minha angústia com a situação das famílias que moram em áreas de risco e alagadiças.
A nossa cidade é mais uma das tantas que não têm infraestrutura para suportar dez minutos de chuva forte. O aconchego da chuva traz para muitos o desassossego.
Minha solidariedade ao povo de Manaus que padece com a falta de uma política urbana que garanta bem-estar e cidadania.
O pior de tudo é que entra prefeito sai prefeito e não se faz um planejamento para ampliar o saneamento de Manaus, que atende apenas 12,43 da população com coleta de esgoto, ficando em sexto lugar entre as dez piores em saneamento básico no país.
E quando se gasta pouco em saneamento, o gasto com saúde aumenta.
Lúcio Carril
Sociólogo