A dignidade é concreta. Ela envolveu o espírito a partir da cultura.
Pode ter nascido de um exemplo de vida do pai, da mãe, do irmão. Também pode ter sua origem no amigo, no indivíduo admirado, na mulher amada.
Ela não é natural, nem moral; surgiu das relações humanas e está imbricada em todos valores construídos.
É maior do que todos os outros, pois não existe amor, honra, lealdade, raiva, vingança, sem dignidade. Ela impõe limites e resguarda a autoestima.
Não ter dignidade também é cultural. Toda manifestação infame é também indigna; todo sentimento pequeno se fez da indignidade.
Ser digno é ter na alma o perfume suave de uma flor de cerejeira; é ser terno como um soneto de amor de Neruda; é ser forte como um aroma de jasmim.
A dignidade está em cada gesto, em cada olhar do mundo e tem força transformadora. É preciso ser digno para mudar. Os indignos costumam morrer rastejando na lama à procura da água límpida que nunca beberão.
É preciso ser digno para construir o amor e a felicidade. É preciso ser digno para amar o outro e o outro também tem que buscar na dignidade o amor ao outro.
Somente o ser digno se indigna com a miséria e com a injustiça. Os indignos a constroem.
É com dignidade que sigo minha vida.
Lúcio Carril
Sociólogo