Não é fácil falar de generosidade quando você é um marxista. Como eu posso abordar uma categoria tão dispersa numa perspectiva da luta de classe? Não posso.
A generosidade faz parte de uma leitura sem referência. Mas ela existe. E se existe é objeto de análise da realidade. Como considero o marxismo um humanismo, em concordância com Sartre, posso fazer essa abordagem.
Ser generoso é ser humano. Não é um gesto ou uma conduta cristã. É ser bom, tolerante, amigo, irmão. Não tem nada a ver com a hipocrisia.
Tem muita gente que perdeu sua humanidade porque deixou de ser generoso. Gente da esquerda e da direita, empresários, operários, feministas, pseudos marxistas.
A generosidade pode estar num abraço, num olhar que se sensibiliza com o doente mental na rua, com a fome da criança, com a dificuldade do velho ou da velha em caminhar.
No final das contas, a generosidade é uma categoria de classe, porque só a compreensão da importância do ser humano e de todo ser vivo no planeta é capaz de criar valores de sua preservação.
A generosidade não existe no capitalismo, um sistema desumano. Ela existe no ser que não se deixou embrutecer pela grana. Ele pode ser rico ou não, basta manter seu espírito humano e não virar uma coisa.
Lúcio Carril
Sociólogo