Cheguei bem.
Sim, tem jeito de chegada. A partida é uma história de tristeza, seja na vida ou na morte. E eu não guardo mágoa nem traumas para fazer da chegada uma partida.
Nunca pensei que construiria tanto. Que teria tanto amor, tanta vontade de viver para ajudar e para lutar pelo outro que precisa de um abraço e do compartilhamento.
Acumulei centenas de amigos na minha caminhada, e continuo a caminhar de mãos livres para outras mãos amigas. Meu corpo e minha alma gostam do abraço e do sorriso sem interesse.
Tenho duas filhas e uma mulher. Sim, as tenho, pois meu ter não é de posse, mas do amor que bate no meu coração e pulsa nas minhas veias. Tenho admiração pelas filhas que ajudei a fazer e paixão pela mulher que me deu o ar das montanhas e me fez ouvir o canto dos pássaros, mesmo em dias de desespero.
Tenho também um monte de amigos e amigas. É um monte mesmo. Se todos e todas se amontoarem, chegarão às nuvens para de lá falarem ao mundo que a amizade é uma dádiva da boa existência.
O que eu poderia querer mais, se de amor fiz minha luta e de amor me fiz gente?
Só quero continuar podendo tê-los comigo. Todos vocês. Minhas filhas Amanda e Maria Júlia, minha Carla, minhas amigas e amigos. Sou muito feliz por caminhar de mãos dadas com todos que me ensinaram o verbo amar.
Cheguei ao 58. Sim, cheguei.