O cristianismo não fez muito bem à humanidade até hoje. Não pela sua doutrina, que reserva bons ensinamentos, mas pelos desvios humanitários de seus seguidores.
Me refiro não somente aos desgarrados do rebanho, mas a toda turba mal-intencionada que forma o corpo da igreja e seus fiéis discípulos.
A instituição igreja serviu, por toda história, como parte do poder dos grupos opressores, se envolvendo nas mais terríveis práticas contra o ser humano.
As tentativas de colocá-la ao lado dos pobres foram desarticuladas, como aconteceu com a Teologia da Libertação, duramente golpeada no papado de João Paulo II, uma figura nociva que só serviu aos interesses do grande capital.
Na mesma estrutura, seus fiéis discípulos, muitos daqueles que se autointitulam cristãos praticantes, formam um péssimo exemplo de cidadania, humanidade, solidariedade; mergulhados na hipocrisia e na grotesca falsidade. Se baseiam, talvez, naquilo que há de pior na doutrina cristã, remontando o Antigo Testamento.
Já os membros que compõem a autoridade eclesiástica se afundaram em escândalos contra a vida e a dignidade humana, que vão desde a colaboração com ditaduras sangrentas à crimes contra crianças.
É óbvio que há destacável resistência, como em qualquer estrutura de poder, com homens e mulheres da igreja seguindo a história de Jesus Cristo, se colocando contra a opressão e lutando por justiça social. Destaco neste meio o Papa Francisco.
Nesta semana importante para os cristãos quero chamá-los à reflexão e clamar por uma retomada dos princípios da paz, da solidariedade e do amor, forças suficientes para construir um mundo melhor.
Reconheço o tamanho do fosso que bons cristãos estão imersos nas ordens evangélicas, guiadas por charlatães, mas continuo acreditando na retomada da esperança pelo exemplo de luta que homens e mulheres de fé nos deixaram.
Ainda há tempo para descobrir a primavera.
Lúcio Carril
Sociólogo