Ele é professor e trabalha pela parte da manhã, e pela tarde e aos fim de semana ele vende vários livros que ele assina, tanto de poesia, quanto de ilustrações a lápis e contos sobre o seu avô, escritor e já produziu uma tese baseada na prática do Skate. Raimundo Ney Maciel de Lima, 34 anos, é também mais um artista invisível nas ruas de Manaus.
Nascido no município de Fonte Boa, o professor de educação física, Ney Metal, como é mais conhecido, é também um praticante do esporte com skate.
A história dele, se confunde com milhares de outras pessoas que podem lhe abordar nas ruas da metrópole Manaus, para vender algum tipo de guloseima, produto ou livros.
“Trabalho com crianças na periferia de Manaus, usando o skate educacional, sou artista de rua, venho vender meus livretos, tenho uma coleção de contos amazônicos, que relatam histórias do interior, falando da vivência do caboco amazônico”, conta o artista Ney Metal.
A reportagem do portal, encontrou Ney, na área do mercado Adolfo Lisboa, centro histórico de Manaus. Com ele, estava a trilogia de livros sobre o caboclo amazônico.
São publicações relacionadas aos vários livros que ele assina, tanto de poesia, quanto de ilustrações a lápis e contos sobre o seu avô.
“ Meu primeiro livro, foi publicado foi em 2015, que se chama “skate é arte, a brincadeira faz parte”, um livro didático relacionado ao skate, que tem o resultado da minha pesquisa inicial na universidade La salle, que teve como tema a prática do skate, na ajuda a crianças portadoras de deficiência motora, onde fui bolsista 100%. Esse livro é didático, histórico, técnico. Meu segundo livro “Skate, a Arte de Brincar e Aprender”, foi lançado em 2015, que mostra a minha metodologia de trabalho nas periferias de Manaus, utilizando o skate educacional, já o terceiro livro que é o skate terapia, foi uma pesquisa feita durante cinco anos, com crianças com problemas de ordem neurológica, paralisia cerebral, com autismo, com perca de coordenação motora, e, eu criei uma tabela embasado nos tutores na performance motora, Dr. Richard e Dr. Brawn, dois PhDs da performance motora, americanos, além do Dr. Francisco Rosa Neto, que estuda o desenvolvimento motor humano, e eu fiz essa pesquisa, do qual, tenho resultado dela”, conta.
Ney Metal também tem livros de contos e poesias. Segundo ele, teve uma época que eu ficou desempregado de onde ele dava aula do Centro de Convivência da Família.
“Eu tinha várias histórias escritas, então, eu comecei a vender no mercado Adolfo Lisboa, meus livretos, crônicas do mercado, a trilogia de Paulson, de ribeirinhos da Amazônia, poemas amazônicos, todos os meus poemas autorais como poema Amazônia “Choram pelas queimadas”. Os livros são xerocopiados e vendidos a R$ 10,00.
POEMA ‘CHORAM PELAS QUEIMADAS’
Meu povo e a floresta, e os animais choram pela destruição;
O fogo na mata consome tudo sem perdão;
O homem só vai dar valor, quando aquilo deserto for;
O homem pela sua ganância, ignorância, vai destruir tudo por causa da riqueza que há;
As matas vão se acabar, e pastos para o gado vão virar;
Eu sou filho dessa terra, nascido e me criado nessa imensidão de floresta;
Por isso, teremos respeito, e proteção da floresta;
Meus avós me ensinaram, a respeitar as árvores, os pássaros, e tudo que há para a floresta preservar;
Quanta dor mãe natureza, vendo a floresta sendo devastada;
E seus filhos indígenas sendo dizimados de suas terras;
Terra querida do meu coração;
Te peço perdão! Por essa destruição!
“Então esse é um dos meus poemas amazônicos, mas também tenho poemas radicais, que são poemas relacionados ao skate, que tem algumas metáforas. Meu avô veio do Ceará, cearense, como soldado da borracha, incentivado pelo movimento “SEMTA”, na década de 40, no Governo Getúlio Vargas. Atualmente, moro no Parque Riachuelo na região Campos Salles – Tarumã”, revel.