BRASÍLIA — O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira que o problema do Brasil no próximo ano não será o crescimento baixo, mas a inflação “resiliente”.
Ao participar de evento do setor financeiro, ele disse que haverá desaceleração cíclica, em meio ao ciclo de aperto monetário conduzido pelo Banco Central para domar a a alta dos preços, mas frisou que o pano de fundo é de crescimento sustentável da economia baseado em investimentos privados.
— O Brasil caiu menos (durante a pandemia de covid-19), e cresceu mais do que a média mundial. Analistas preveem que o ano que vem o mundo vai crescer 5 ou 6%, e o Brasil 0% ou 1%. Vamos ver… No ano que vem conversaremos de novo. Eles vão ficar envergonhados. O problema será a inflação resiliente. Não há baixo crescimento — disse o ministro.
O ministro reconheceu que a inflação é um problema e ligou a alta dos preços à velocidade da aprovação das reformas.
— Certamente, nós temos um problema com a inflação subindo. Certamente nós temos um problema porque não estamos sendo bem-sucedidos em implementar as reformas com a velocidade necessária — disse.
Para o ministro, o Congresso ainda apoiará o governo com a aprovação das reformas.
— Tem muito barulho político, obstruções, mas ainda acredito que o Congresso nos apoiará com as reformas. A inflação provavelmente será um pouquinho maior do que vocês preveem, mas também será acima do que vocês estão prevendo — disse Guedes.
A inflação no Brasil subiu 1,25% em outubro, a maior taxa para este mês desde 2002, puxada pela alta dos combustíveis e dos alimentos, segundo o IBGE. O índice de preços ao consumidor acumulou alta de 10,67% em 12 meses, e de 8,24%, no ano.
Mais cedo, o Ministério da Economia piorou as suas projeções oficiais para a inflação e para o PIB tanto em 2021 quanto em 2022.
Agora, a estimativa é de alta no PIB de 5,1% este ano, contra 5,3% antes. Para o ano que vem a projeção passou a 2,1%, de 2,5% em setembro. Já a expectativa para a inflação em 2021 aumentou de 7,9% para 9,7%. Para 2022, a projeção de IPCA passou de 3,75% para 4,7%.
Durante sua fala, Guedes também voltou a defender colocar ações da Petrobras num fundo e distribuir esses recursos aos mais pobres. Guedes defende a construção de um fundo capitalizado com ações da Petrobras e de outras estatais. Caso haja a privatização das empresas, os beneficiários de programas sociais poderiam receber um recurso extra do governo.
Fonte: O Globo