O advogado Felix Valois, 81 anos, é candidato à uma das 41 cadeiras da Câmara Municipal de Manaus (CMM). Dono de uma mente brilhante, o ‘velho comunista’ filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), volta à cena política e explica ao eleitor o motivo do retorno ao parlamento.
Com uma campanha sólida e cercado pelos familiares, amigos, fãs e simpatizantes, o mestre mexeu com as redes sociais e é o candidato mais visualizado na internet.
Ex-vice prefeito e deputado estadual, Valois é a sensação dessas eleições municipais em Manaus, não só pela idade, mas principalmente pela certeza de que a qualidade do parlamento irá atingir outro nível. Valois apoia o candidato a prefeito de Manaus, Marcelo Ramos.
Advogado e professor de profissão, Valois escreve para vários portais e jornais. É exímio escritor e consegue entreter o leitor com textos críticos e outras vezes engraçados.
EXPLICANDO A PRÓPRIA CANDIDATURA A VEREADOR AO POVO
Começa hoje, 16, a propaganda eleitoral. É um dia como outro qualquer e normalmente eu não me ocuparia do assunto. Acontece que eu aceitei ser candidato a vereador pelo PT, com o número 13339, e, em razão disso, acho de meu dever dar explicações aos meus familiares, amigos, correligionários, clientes, a todos enfim, sobre como encaro a matéria e como me posicionarei.
De pronto, podem ficar certos de que jamais, em nenhum momento, alguém ouvirá da minha boca uma ofensa pessoal ou alusão à vida particular de quem quer que seja. Não tolero a prática, que infelizmente tem sido comum, de buscar votos por meio do ataque grosseiro e desmedido a um adversário. A política, já se disse, é a arte do diálogo, significando que, em disputando o sufrágio popular, há que apresentar propostas e aceitar críticas e elogios com a mesma disposição. Os entreveros televisivos, à guisa de debates, têm proporcionado espetáculos deprimentes em que o entrechoque de egos inflados se transforma em torrente de insultos e achincalhes.
Bem por isso foi elogiável a postura do doutor Marcelo Ramos, candidato do PT à prefeitura, quando, no primeiro desses encontros, cuidou de apresentar seu plano de governo, desenvolvendo sua fala com seriedade e respeito que se hão de exigir de todas as pessoas públicas.
Perguntar-me-ão por certo os mais chegados: “Se esse é o quadro, o que faz você aí? Não tem medo de ser respingado de lama?” Ora, este ano completo cinquenta e nove anos de advocacia criminal. É uma prolongada convivência com pessoas acusadas da realização de condutas que tangenciam a lei. Algumas vezes o cenário era repulsivo e horrendo, a exigir toda a habilidade profissional para não se deixar influenciar e não perder o rumo. Afinal, é dever inarredável do advogado não se deixar abater pela adversidade, consciente de que é ele o único ponto de apoio do acusado, diante do imenso poderio processual do Estado.
Ministrando aulas de direito penal por mais de trinta anos, sempre advertia e lembrava meus alunos da mais importante das verdades a respeito da advocacia criminal: temos que ter a suficiente perícia para caminhar à vontade no território sempre escorregadio de nossa profissão, sem permitir qualquer vacilo que venha a ensejar uma indesejável confusão entre advogado e cliente.
Na política, por onde já naveguei em tempos d´antanho, não é outra a minha posição: peço ao povo que vote em mim, respeitando em termos absolutos o direito de escolha e até de rejeição. Claro que faço ver ao eleitor que tenho toda uma vida em que minha passagem por cargos públicos se deu sem nenhum deslize ou suspeita. O dinheiro público deve estar, por definição, inacessível a todos os que não compreendem sua destinação única: ser aplicado em benefício da sociedade. Ladrões e estelionatários têm outras funções menos nobres do que aquela de reger a “res publica”.
Estou com oitenta e um anos de idade. Tenho quatro filhos, oito netos e espero a chegada do primeiro bisneto. Não me parece, porém, que a velhice possa servir de desculpa para a alienação. Não consigo ver com tranquilidade a forma como minha cidade natal tem sido tratada: sem amor, sem interesse, quase com desprezo. Se é verdade que uma das poucas vantagens da idade é a experiência, cuido de meu dever empregar a que adquiri para tentar reverter esse quadro.
Vivemos literalmente no centro da maior floresta do mundo e a cidade é uma das menos arborizadas do país. Estamos dentro da maior bacia hidrográfica do planeta e os nossos igarapés estão imundos e poluídos, quando não estão aterrados. Temos a maior biodiversidade do mundo, mas a nossa economia fica a depender de importações.
Acho que ainda posso contribuir com os que sonham com a melhoria de nossa querida Manaus. Buscarei, se for possível, ser o porta-voz de quantos se indignam com os maus tratos infligidos à cidade e traduzirei essa indignação em todos os meus pronunciamentos.
Estou na batalha. Por tudo isso, este é o meu slogan, esta é a minha luta: Manaus, quem ama, respeita.
CONHEÇA O PERFIL DO CANDIDATO
Nome: Felix Valois Coelho Junior
Data de nascimento: 21.03.1943
Naturalidade: Manaus
Profissões: Advogado e professor
Pós-graduação lato sensu, em direito público, pela Universidade Federal do Amazonas, em 1982.
Advogado dos quadros do Banco do Brasil S.A., de 1970 a 1991. Aposentado na última letra da carreira respectiva.
Professor de Direito Penal na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Amazonas (1980/1994), no Centro Integrado de Educação Superior do Amazonas – CIESA (de 1995 a 2000) e no Centro Universitário Nilton Lins, desde 1996.
Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção do Amazonas, no biênio 1975/1977, reeleito para o biênio seguinte.
Membro do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no período de 1991/1997.
Secretário de Estado de Justiça, nos períodos de 1985/1986 e 1997/2002.
Membro da Comissão de elaboração do anteprojeto de Código de Processo Penal, instituída pela presidência do Senado Federal em 2008.