A chegada da conta de energia tem se tornado uma dor de cabeça para moradores do bairro Cidade Nova, na Zona Norte Manaus, que viram os valores da fatura subirem até 430%, após a instalação do Sistema de Medição Centralizada (SMC), os chamados “medidores inteligentes”.
Em entrevista à Rede Amazônica, o aposentado Wilson Marinho afirmou que a fatura da residência onde ele mora, na rua 142, costumava a girar em torno de R$500, valor que saltou para R$2.300, após a mudança no sistema de aferição do consumo.
“Esse aumento tem impactado muito nas nossas despesas, porque tira o planejamento da gente, afetando até a nossa alimentação. Já tive até que diminuiu o valor das compras, e parcelei [a fatura de energia], depois que veio um aviso de corte”, afirmou.
Outro morador da região, Gamiliel Silva, também viu as contas de energia sofrerem um forte aumento, em um curto período de tempo.
“Eu pagava, em média R$550, no máximo R$600, nunca passava disso. E depois que instalaram esses novos medidores, passaram a me cobrar R$1.560”, afirmou.
De acordo com a o diretor-técnico da Amazonas Energia, Rodrigo Moreira, a empresa irá ressarcir todos os clientes que tiveram cobranças acima do consumo nas faturas.
“Qualquer consumidor que se sinta lesado, assim que o laudo chega na Amazonas Energia, nós fazemos um cálculo sobre o valor a ser devolvido e esse valor é creditado na fatura, caso ele já tenha pago a fatura, na próxima. Se ele ainda não pagou, a fatura é reemitida com o novo valor”, disse.
Medidores irregulares
Durante a 23ª reunião itinerante da CPI da Amazonas Energia, na sexta-feira (11), o presidente do Ipem afirmou que foram encontradas irregularidades em diversos medidores de energia da concessionária, incluindo a cobrança acima do consumo na fatura de seis residências.
“No total já foram fiscalizados mais de 25 mil medidores desde 2019. Só em janeiro deste ano, fiscalizamos 1.100. Encontramos vários aparelhos reprovados por situações diversas, destes, seis aparelhos residenciais distribuídos em bairros distintos da cidade foram identificados com erro na medição, contra o consumidor”, explicou Márcio Brito.
Em relação a essas irregularidades, o Ipem informou que vai lavrar o auto de infração e a empresa terá dez dias para apresentar defesa, e a multa pode chegar a R$ 5 milhões.
Também durante a 23ª reunião itinerante da CPI da Amazonas Energia, o presidente do Ipem declarou que órgão iniciou, no dia 2 de fevereiro, fiscalizações para saber se os medidores SMC estão marcando corretamente.
A Amazonas Energia afirma que os medidores inteligentes são totalmente homologados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), por toda a documentação legal do fabricante, assim como por reuniões realizadas pelo INMETRO.
No final de janeiro, a Justiça mandou suspender a instalação do SMC, por entender que o sistema fere os direitos do consumidor, já que o aparelho é instalado em uma altura superior a 4 metros impossibilitando que o cidadão fiscalize o fornecimento de energia.
Fonte: G1 Amazonas