Nesta quinta-feira, um portal de notícias de Manaus, divulgou ameaças a uma de nossas vitoriosas itens femininas. Em tom de falso moralismo e machismo escrachado, ameaçam divulgar supostos vídeos íntimos, como parte de uma chantagem para abalar seu relacionamento. É lamentável que com todos os avanços dos últimos anos, no que tange a violência de gênero, episódios como esse continuem se repetindo. E é ainda mais impressionante que outros blogs e portais diretamente ligados ao Festival de Parintins – e que deviam servir para divulgar nossa arte e nossa cultura – se prestem a um expediente tão baixo e repugnante.
Em 2019, quando levamos para arena o espetáculo Um canto de esperança para a mátria brasilis tematizamos exatamente nosso desejo de produzir um país mais justo e igual, no qual as mulheres pudessem alcançar não apenas mais oportunidades no mundo do trabalho ou salários mais justos. Mais do que isso, nossa mensagem era a da superação do patriarcado, dos rótulos e preconceitos descabidos, do peso da violência (física ou simbólica) que continua recaindo sobre as mulheres. Com Terra nosso corpo, nosso espírito buscamos trazer à tona a voz das mulheres amazônidas, seu grito de liberdade em defesa da vida – vida do planeta, mas também de seu direito de existir e de ser aquilo que bem entender.
Mas parece que as vozes femininas ainda não foram suficientemente ouvidas. E por isso precisamos potencializá-las. O corpo da mulher pertence a ela mesma! A conduta de uma mulher não está sob o escrutínio de quem quer que seja e sua conduta não precisa do aval dos vigilantes da falsa moral e dos bons costumes. Estamos do lado que sempre estivemos e defenderemos sempre a liberdade das mulheres contra todo o tipo de opressão. Por isso nos solidarizamos profundamente com Marciele Albuquerque, na certeza de que ela certamente vencerá na justiça essa gente que recorre a argumentos tão chulos para constrangê-la e, na arena, onde mais uma vez dará um show de talento para toda a nação azul e branca. Se preparem, àquela que hoje é violentada e difamada de forma tão vil e covarde, vai provar nas três noites do festival que é a cunhã-poranga mais campeã da arena do Bumbódromo.
Em tempo, repudiamos de forma veemente o baixo jornalismo e a imprensa que se presta ao jogo sujo da fofoca e da calúnia. Estamos certos de que o único lugar que lhes cabe é a lata do lixo da história.
Boi Caprichoso
