Aliar tecnologia à educação e à inclusão social sempre foi desejo do professor de educação física, Adrio Hattori. No Programa Centelha, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), ele viu a oportunidade de tirar o sonho do papel e, com o uso da Realidade Virtual (RV), trazer para a sala de aula uma nova perspectiva para a formação de dezenas de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras necessidades especiais, matriculados na rede estadual de ensino.
O projeto, intitulado “A Realidade Virtual como estratégia de inclusão para o autismo”, foi um dos contemplados pelo Edital nº 011/2019 do Programa Centelha, iniciativa da Fapeam que tem como objetivo estimular a criação de empreendimentos inovadores e disseminar a cultura empreendedora no Brasil. Com o impulso recebido, o professor criou a empresa Hattori Tech, que capacita professores para uso da tecnologia em sala de aula.
A ideia do projeto surgiu da observação do aumento de alunos matriculados com Necessidade Educacional Especial (NEE), nas redes de ensino pública e privada. Com o avanço da tecnologia, abriu-se uma possibilidade de ajudar no desenvolvimento do ensino-aprendizado dessas crianças de forma lúdica e interativa.
“A gente foi observando que o poder de imersão da Realidade Virtual é muito grande, então a gente quis utilizar essa questão da proposta, dos benefícios da realidade virtual. Em casos de um autismo mais severo, por exemplo, uma vez que a pessoa consegue usar óculos de realidade virtual apresentamos algumas atividades que consigam acalmar a pessoa. Um dos benefícios é esse, fazer a pessoa voltar a prestar atenção”, explica o professor.
Para alunos com paralisia cerebral, a imersão digital possibilita às crianças sentirem como é a prática de atividades do cotidiano das quais são limitadas, como andar de bicicleta.
“Algumas delas não têm os movimentos da perna, às vezes não tem movimento superior nem inferior. Uma vez que utilizamos a Realidade Virtual, a gente consegue resgatar esses movimentos, colocando atividades esportivas, de movimento, e quando eles estão assistindo é como se eles realmente estivessem correndo, andando de bicicleta, caminhando e essas coisas”, comenta.
Serviço– O serviço ofertado pela empresa de Hattori inclui a formação para os professores trabalharem a RV na sala de aula e a realização de oficinas de construção de óculos de RV feitos de garrafa PET e papelão, aliando tecnologia e sustentabilidade.
“Trabalhamos com a formação dos professores, ensinamos eles a usarem a realidade virtual, mostramos um pouquinho como surgiu e também trabalhamos em cima de metodologias ativas para trazer dinamismo para as aulas. A partir disso, os professores vão disseminar para os alunos”, explica Hattori.
Para trabalhar na educação, o projeto utiliza softwares gratuitos, como o Google Expedições, uma ferramenta da Google para tours virtuais, na qual o professor guia os alunos em uma sala de aula virtual por diversos tipos de conteúdos interativos e imersivos, trazendo dinamismo para a absorção do conhecimento.
Centelha– O Centelha é uma parceria entre a Fapeam, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), operada pela Fundação Certi. A primeira edição do programa foi lançada em 2019 no Amazonas.
As inscrições já estão abertas para a nova edição do Programa Centelha 2 e vão até o dia 16 de março. Desta vez, o Governo do Estado, por meio da Fapeam, em parceria com Finep, investe R$ 3 milhões. O edital irá apoiar 50 propostas de inovação com até R$ 60 mil, por projeto, para a geração de empresas de base tecnológica, além de ofertar Bolsas de Fomento Tecnológico Extensão Inovadora concedidas pelo CNPq.
As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas em https://am2.programacentelha.com.br/.
FOTOS: Adrio Hattori – Arquivo pessoal