Mãos calejadas, suadas, marcadas pela vida, pelas inúmeras lutas. Um povo humilde, trabalhador e com o dom artístico de criar mundos, fantasias e realidades. São essas mãos que constroem o Caprichoso. São essas pessoas que tecem sonhos e os materializam em realidade. Pessoas como a família da dona Lucilene Soares e o senhor Jaime Ferreira, simples pescadores que herdaram de seus pais a profissão e o amor pelo Caprichoso.
Acordam com o sol e navegam longe para pescar o sustento dos filhos. À noite, caniços e malhadeiras dão lugar à palminha, o tambor e ao ritmo tradicional da Marujada. Os pescadores viram marujeiros e navegam em águas azuis de muito som e poesia. Com eles “o cansaço não existe e a tristeza desistiu”, como bem conta a marujeira que enfrenta todos os problemas vestindo-se de azul e branco e ajudando a tocar as mais belas toadas do seu boi.
Da comunidade do Parananema, o remo e a canoa trazem mais gente floresta, gente ribeirinha e também apaixonados pelo Caprichoso. Gente como os pescadores Otávio Rômulo e Raimundo Silva, que sempre pedem as bênçãos de São Pedro, padroeiro dos pescadores, para ter fartura na pescaria e alimentar a família. Ao cair da noite, eles atravessam o rio e trocam as canoas pelos cavalinhos da Vaqueirada. São esses homens humildes e aguerridos que empunham as lanças azuladas carregadas de histórias. São o orgulho da comunidade, que acompanha pela televisão suas mais ilustres celebridades, os guardiões do boi.
Antes de entrar na arena, um grito ecoa no cordão que se forma na rua “Vaqueiros pra Sempre, Vaqueiros do Caprichoso”, um mantra de amor, honra e vitória.