Uma mulher conhece um homem numa rede social e marca o primeiro encontro em seu apartamento. Ela é cruelmente espancada durante quatro horas pelo pretendido amante.
Uma mulher conhece um homem numa balada e vai ao motel com ele. É morta barbaramente.
Na casa, diante dos filhos, marido assassina a esposa brutalmente, motivado por ciúmes.
Três cenas e uma realidade que nos causa profunda indignação.
Não há erro da mulher nos três casos. A busca de relações amorosas, seja duradoura ou passageira, é uma necessidade humana e social. Além do mais, o amor nunca está errado ou deve ser limitado pela escravidão do medo.
No entanto, é preciso entender os níveis de violência da sociedade, as neuroses provocadas por ela e mesmo as graves psicopatias oriundas de traumas de violência.
Não se deve ter medo das relações interpessoais, mas é importante manter certos cuidados diante dos problemas sociais e dos números alarmantes de doenças mentais que levam a vários graus de violência.
Chegamos a uma situação intolerável de feminicídio, o que já pode denotar uma patologia social. A cada seis horas e meia uma mulher é morta no Brasil e não há uma política estruturante para resolver o grave problema, que é tratado apenas com raras campanhas educativas e lamentos diante dos fatos.
Vejo como necessário a transversalização nas escolas de programas humanísticos, com a discussão específica sobre as relações de gêneros e a importância do reconhecimento da mulher na construção da sociedade e da nossa humanidade.
É preciso abrir as escolas nos fins de semana para que essa discussão alcance as famílias.
Não bastam as campanhas esporádicas. É imprescindível uma ação articulada Estado/Sociedade para construir novas gerações que se respeitem e inibir as condutas agressivas das atuais gerações.
Lúcio Carril
Sociólogo