Umas das donas de um terreno invadido em Parintins, Naizes Ribeiro, denuncia que vem sofrendo ameaças após a invasão de sua propriedade. Segundo ela, mensagens em grupos de WhatsApp e no Facebook indicam que invasores falam em acabar com sua vida. Além disso, o patrimônio de sua família tem sido dilapidado, com a destruição de áreas de preservação ambiental.
“Essas intensas invasões que acontecem na cidade de Parintins, a gente não pode normalizar jamais. Essas pessoas que estão cometendo esse crime ambiental, essa invasão de propriedade, já me ameaçaram e me intimidaram tanto por WhatsApp quanto pelo Messenger do Facebook”, relata Naizes.
Ela conta que a área invadida, onde foi realizada recentemente uma reintegração de posse, pertence à sua família há anos e foi adquirida com muito trabalho. “Meu pai sempre foi um homem trabalhador, desde novo lutou para conquistar um bem. Você não pode simplesmente invadir e se apoderar daquilo sem esforço nenhum. A gente jamais pode normalizar isso”, desabafa.
Além dos prejuízos à propriedade, Naizes denuncia o desmatamento completo da área, que servia de abrigo para animais silvestres. “Macaquinhos, cutias, fugindo da fumaça, se refugiando para se proteger no loteamento Xangar. É muito lamentável”, afirma.
Ela também ressalta o apoio da Polícia Militar, que tem atuado desde os primeiros momentos para garantir a retirada dos invasores. No entanto, mesmo após as ações, os invasores retornam. “Pela manhã foi feita a retirada, de forma pacífica, prezando a ordem e a paz, e no final da tarde voltaram de novo. Estamos sob ameaças, porque dizem que vão voltar”, alerta.
Naizes pede uma ação firme das autoridades municipais e estaduais para conter esse tipo de crime, que, segundo ela, já virou um mercado ilegal. “Eles fomentam um mercado vendendo propriedades invadidas por valores que vão de R$ 100 a R$ 2 mil. Isso precisa ter um basta”, conclui.
População apoia reintegração de posse e cobra fim da indústria de invasões em Parintins
A reintegração de posse realizada pela Polícia Militar nesta terça-feira, no loteamento Shanghai, em Parintins, teve grande repercussão entre os moradores. A operação garantiu a devolução do terreno aos proprietários legais e resultou na prisão de quatro homens por resistência à ordem judicial. A ação faz parte dos esforços do Judiciário e das forças de segurança para conter a crescente invasão de terras na cidade.
A população tem se manifestado favoravelmente às reintegrações, destacando que as invasões se tornaram um comércio ilegal de terrenos, envolvendo até a destruição de áreas de preservação ambiental. Para muitos, a ocupação irregular não atende a uma necessidade habitacional legítima, mas sim a um esquema de compra e venda de terras alheias.
“Tá sendo o comércio de terra, a preço de nada. Se fossem pra morar, eu ainda dava razão, pelo fato de o poder público não resolver a situação de moradia para as pessoas que realmente precisam. Sou contra essas invasões clandestinas”, declarou Dionéia Muniz.
Paulo Elias Cursino criticou o impacto social gerado pelas invasões. “Invadem, montam barracos e depois querem que o poder público dê assistência social. E dizem que estão esquecidos. Se a terra não é sua, não invada… Trabalhe e lute para ter o seu de forma honesta e legal”, afirmou.
Já Joelma Farias reforçou que essa prática se tornou um ciclo vicioso. “Tem que acabar com esse vício. Invadem um lugar, vendem, depois invadem outro, e sempre são as mesmas pessoas. Assim, o município nunca fica organizado. Tá na hora de dar um basta”, disse.
Mayse Garcia relatou que a venda ilegal de lotes tem ocorrido em diferentes áreas. “Um dia desses invadiram próximo ao SENAC. Mês passado eu vi estarem vendendo terreno lá a preço de banana”, afirmou.
Além dos problemas sociais e urbanos, há também impactos ambientais, como destacou Elton Ferreira. “Os invasores derrubam tudo, acabam com as reservas florestais protegidas por lei e ainda espalham fogo. Essa prática tem que parar. É preciso identificar os líderes que incentivam essa irresponsabilidade”, disse.
Para Gustavo Carneiro, a atuação da Justiça foi essencial para proteger o patrimônio de sua família. “Justiça sendo feita. A conquista de toda a vida do meu pai e da minha mãe não ia ser dissolvida assim tão fácil”, desabafou.
Rubia Duarte destacou que muitas das pessoas envolvidas nas invasões já possuem outros terrenos e atuam na revenda ilegal. “A justiça seja feita. Tem gente que tem terreno nas quatro invasões. Do ano passado pra cá já houve mais de seis invasões de terras particulares. E sempre as mesmas pessoas fazendo compras e vendas de terras alheias. Essas pessoas se organizam para cometer crimes, e por que não se organizam para cobrar o poder público? O PAC tem tantos programas de moradia”, questionou.
A Polícia Militar afirmou que continuará realizando as reintegrações de posse conforme as determinações da Justiça, garantindo o cumprimento da lei e o combate à ocupação irregular de terras em Parintins.