Desde a origem da palavra, justiça e direito são partes de um mesmo corpo, estão entrelaçados etimologicamente.
O direito romano era ritualístico, baseado em costumes, daí ser a ciência jurídica um conhecimento construído no diálogo com a filosofia, a moral, a ética e com fontes mais recentes como a sociologia, a antropologia e a psicologia.
O direito seguiu seu caminho até a instituição das leis, que vieram para servir de atenuantes dos conflitos sociais. A Lei das XII Tábuas foi a primeira delas, amenizando a relação patrícios/plebeus, na antiga Roma.
Do direito romano, todo ocidente fundou seu sistema jurídico.
Pois bem, sobre justiça e seu entrelaçamento com o direito, os Amazonenses recebemos na semana passada a grata notícia da assunção da promotora de justiça Leda Mara Albuquerque ao cargo de Procuradora Geral de Justiça e do desembargador Jomar Fernandes, para presidir o Tribunal de Justiça do Amazonas.
Tratam-se de dois juristas de uma mesma geração, criados sob os bons valores da ética e da moral. Uma mulher e um homem amazonenses, caboclos cujos pais e mães tinham na palavra um tratado de honra, princípio moral no qual foram criados.
Leda e Jomar navegarão sobre rios secos, não somente na sua literalidade diante das mudanças climáticas, mas sobretudo no desafio de fazer justiça num estado de muitas desigualdades e de pouco direito.
Um aplicará a lei e o outro defenderá os direitos sociais e individuais. Suas duas instituições têm a missão de defender o estado de direito, a democracia e o direito dos cidadãos e cidadãs.
Não há conflito de interesses.
Leda Mara e Jomar Fernandes são da geração da resistência democrática. Estudaram na UFAM, lá na jaqueira da Praça dos Remédios. Viram e participaram da luta estudantil. Se formaram no debate, no estudo profundo, na irreverência da juventude e com o olhar aberto para o mundo.
Ainda são jovens, altivos, sensíveis às mazelas sociais e a todo tipo de injustiça. Carregam no coração o amor pelo seu povo e na sua caboquês, o gosto bom do tucumã e do cupuaçu.
Como dizia a graúna do Henfil: Tô vendo uma esperança.
Sim, estou sempre vendo uma esperança, ainda mais quando duas boas almas tomarão conta de um sistema corroído pela falta de compreensão universal de justiça e direito.
Sucesso aos dois. Daqui da periferia de Manaus, com os pés sujos de lama e sempre torcendo e lutando por justiça, fico feliz em poder dividir esse sonho com vocês.
Lúcio Carril
Sociólogo